por Leandro Sprenger
Exportações de carne do Brasil crescem apesar de novas tarifas; preços sobem nos Estados Unidos
Apesar do receio inicial provocado pelo aumento nas tarifas imposto pelos Estados Unidos, os embarques de carne bovina do Brasil para o exterior continuam em ritmo acelerado. A inquietação do setor era compreensível, uma vez que, até o ano anterior, o mercado norte-americano era o segundo maior comprador da proteína nacional.
Quer saber mais a respeito deste assunto envolvendo as exportações de carne e as tarifas dos EUA? Então pegue o seu café e continue conosco neste texto de hoje!
Confira os seguintes tópicos:
- Tarifas sobre exportações de carne para os Estados Unidos
- Exportações batem recordes em valor e volume
- Volume exportado também dispara
- China segue como maior destino; EUA perdem espaço
- Com concorrência redirecionada, Brasil ganha espaço na China
- Preços da carne explodem nos EUA após sobretaxa ao Brasil
- México assume papel de destaque nas compras da carne brasileira
- China adia decisão sobre medidas protetivas
- Brasil amplia presença global e conquista novos mercados
- Novos destinos em 2025 e expectativa pelo Japão
- Conheça as importações dos Estados Unidos
- O que é o Siscomex?
- Comércio Exterior o que é?
- O que é Logística Internacional?
Bora lá? 😉
Tarifas sobre exportações de carne para os Estados Unidos
No fim de julho, Roberto Perosa, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), chegou a alertar que as perdas para o setor poderiam atingir US$ 1 bilhão apenas em 2025, em decorrência da nova taxação anunciada pelo governo americano.
De fato, os volumes enviados para os Estados Unidos recuaram, mas os negócios com outros países mais do que compensaram essa retração.
Exportações batem recordes em valor e volume
Segundo informações preliminares do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), até o dia 25 de agosto, a média diária obtida com o envio de carne bovina in natura, refrigerada ou congelada foi de US$ 74,55 milhões.
Esse montante representa um crescimento de 70,1% em comparação com agosto de 2024, quando a média diária foi de US$ 43,83 milhões. Em termos absolutos, o aumento de US$ 30,71 milhões por dia é o maior já registrado entre os itens exportados pela indústria nacional.
Com isso, a participação da carne bovina no total das vendas externas brasileiras passou de 3,35% em agosto de 2024 para 5,22% em igual período deste ano.
Volume exportado também dispara
Em termos de quantidade, o Brasil comercializou uma média de 13.307 toneladas por dia nos primeiros 25 dias de agosto. Em igual período do ano passado, essa média foi de 9.882 toneladas diárias, uma elevação de 34,7% na comparação anual. O preço médio por tonelada também subiu, passando de US$ 4.435,40 em 2024 para US$ 5.602 em 2025, alta de 26,3%.
Mesmo com a imposição de tarifas pelos EUA, o Brasil manteve sua atenção voltada à China, além de ampliar os destinos de exportação, promovendo uma maior diversificação de mercado.
China segue como maior destino; EUA perdem espaço
Entre janeiro e julho de 2025, o país embarcou 1,56 milhão de toneladas da proteína bovina ao mercado global. Deste total, 790,1 mil toneladas (50,5%) foram direcionadas à China, enquanto os Estados Unidos ficaram com 169,2 mil toneladas (10,8%), conforme dados do MDIC.
Segundo o especialista Figueiredo, o mercado americano depende mais da carne brasileira do que o Brasil depende das compras dos EUA.
O país possui uma cota anual de 70 mil toneladas isentas de tarifas, que foi atingida em menos de um mês neste ano. A partir desse volume, a alíquota de importação que era de 26,4% saltou para 76,4% com a nova medida, tornando as vendas inviáveis.
Com concorrência redirecionada, Brasil ganha espaço na China
À medida que os EUA reforçam acordos com fornecedores como Austrália e Argentina, essas nações acabam deslocando parte de seus embarques para os americanos, reduzindo as exportações para a China.
Isso abre caminho para a carne brasileira conquistar ainda mais espaço no mercado chinês.
Preços da carne explodem nos EUA após sobretaxa ao Brasil
Estoques em queda e pressão nos supermercados
Mesmo exportando parte de sua produção, os Estados Unidos, que já lideraram o comércio global de carne bovina, enfrentam uma crise na pecuária. O país registrou o menor número de cabeças de gado em sete décadas.
Essa realidade não é exclusiva dos EUA. A União Europeia também enfrenta escassez histórica nos rebanhos, com o menor nível em 40 anos.
Hoje, o rebanho bovino comercial soma cerca de 585 milhões de cabeças, número que exclui os 300 milhões de bovinos na Índia, considerados não comerciais por questões religiosas.
A nova tarifação sobre a carne brasileira afetou diretamente o bolso do consumidor americano. Em julho, os preços alcançaram níveis recordes.
Preço da carne moída bate máxima histórica
Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o Brasil representa 26,6% das importações de carne bovina dos EUA.
Já o Departamento de Estatísticas do Trabalho (BLS) informou que o valor médio da carne moída atingiu US$ 6,504 por libra (cerca de 453 gramas), o que equivale a R$ 77,71 por quilo.
Em janeiro, o preço estava em US$ 5,82/lb (R$ 69,54/kg), indicando um aumento de 11,75% em apenas seis meses. A inflação acumulada no país em 12 meses até julho foi de 2,7%, ou seja, bem abaixo da variação no preço da carne.
Mesmo com as restrições, há importadores nos EUA dispostos a pagar os 50% extras de tarifa para garantir o abastecimento da carne brasileira.
México assume papel de destaque nas compras da carne brasileira
EUA caem no ranking e são superados por novos compradores
Desde a aplicação da taxa adicional de 10% sobre os produtos brasileiros, as exportações aos EUA vêm diminuindo. Após o recorde de 44,2 mil toneladas exportadas em abril, os embarques recuaram para 22,5 mil toneladas em maio e 13,4 mil toneladas em junho.
Em julho, com 12,7 mil toneladas enviadas, os EUA perderam a segunda colocação entre os compradores da proteína brasileira para o México, que adquiriu 15,6 mil toneladas, um avanço expressivo, considerando que o país ocupava a décima posição no ano anterior.
Parte da carne vendida ao México é processada em frigoríficos locais e, posteriormente, reexportada para os EUA.
Até o dia 25 de agosto, o Brasil havia vendido 7,8 mil toneladas de carne aos americanos, enquanto o México importou 10,2 mil toneladas, segundo a Abiec. Rússia e Chile também superaram os EUA no mesmo mês, com 7,9 mil toneladas cada.
China adia decisão sobre medidas protetivas
Em um movimento positivo para o Brasil, a China anunciou em 6 de agosto a extensão do prazo para concluir a investigação de salvaguarda sobre as importações de carne bovina.
O processo, iniciado em dezembro de 2024, avalia o impacto de um aumento significativo nas importações sobre a produção local. A medida poderia levar à imposição de tarifas adicionais ou à criação de limites de importação. Agora, a conclusão está prevista para 27 de novembro.
Brasil amplia presença global e conquista novos mercados
Mais de 130 destinos para a carne brasileira
Enquanto lida com barreiras em alguns países, o Brasil vem expandindo sua rede de compradores. Em pouco mais de dois anos, 17 novos mercados internacionais foram abertos para a carne bovina brasileira. Em 2024, o setor alcançou 134 países, conforme o MDIC.
O México, por exemplo, passou a adquirir carne brasileira somente em março de 2023, após mais de uma década de negociações. Poucos meses depois, República Dominicana e Singapura também autorizaram a entrada do produto.
Ainda em 2024, o Egito aprovou a importação de carne com osso, enquanto Papua Nova Guiné autorizou cortes desossados.
Novos destinos em 2025 e expectativa pelo Japão
Neste ano, mais 12 países passaram a permitir a entrada da carne brasileira: Quênia (janeiro), Butão e Suriname (fevereiro), Bósnia e Herzegovina, Sarawak (Malásia) e Vietnã (março), Bahamas (maio), El Salvador (julho), além de Filipinas, Indonésia e São Vicente e Granadinas (agosto).
Com a recente conquista do status de país livre de febre aftosa sem vacinação, o Brasil agora mira o exigente mercado japonês — uma meta antiga do setor.
Desde 2023, o Japão compra carne bovina enlatada e extrato da agroindústria brasileira. Em 2024, importou 526,2 mil toneladas de carne, sobretudo da Austrália e dos Estados Unidos. O setor nacional espera que, em breve, possa também embarcar cortes frescos ao mercado japonês.
Conheça as importações dos Estados Unidos
Segundo levantamentos realizados pelo Comex Stat, em 2025, os principais produtos brasileiros importados de Estados Unidos são:
Posição | Produto | Valor FOB US$ |
1º | PRODUTOS ALIMENTICIOS E ANIMAIS VIVOS | 278113382 |
2º | BEBIDAS E TABACO | 33370049 |
3º | MATERIAS EM BRUTO, NAO COMESTIVEIS, EXCETO COMBUSTIVEIS | 542387043 |
4º | COMBUSTIVEIS MINERAIS, LUBRIFICANTES E MATERIAIS RELACIONADOS | 18276587499 |
5º | OLEOS ANIMAIS E VEGETAIS, GORDURAS E CERAS | 7529654 |
Fonte: ComexStat — Dados do Ano de 2025.
O que é o Siscomex?
O SISCOMEX é a sigla de Sistema Integrado de Comércio Exterior - é um instrumento informatizado, por meio do qual é exercido o controle governamental do comércio exterior brasileiro.
O Sistema entrou em operação em 1993 com o módulo de Exportação e, em 1997, para as importações. Em 2014 foi lançado o Portal Único de Comércio Exterior.
Sem dúvida o Brasil inovou ao criar um fluxo único de informações na década de 90. Entretanto uma nova revisão se faz necessária atualmente. Dessa forma, desde 2014 iniciou-se o projeto do Portal Único de Comércio Exterior.
Comércio Exterior o que é?
Comércio exterior é a troca de produtos ou serviços entre um país e outro. Quando falando de Compra de produtos, é a Importação e quando falamos em vendas de produtos, é a exportação, cada um deles engloba uma série de procedimentos necessários para a sua execução.
O Comércio Exterior, aplicado carinhosamente como Comex, compreende vários termos, regras e normas nacionais das transações.
Estas regras do comércio exterior são de âmbito nacional, criadas para disciplinar e orientar tudo o que diz respeito à entrada no país de mercadorias procedentes do exterior, no caso quando existe uma importação e a saída de mercadorias do território nacional, quando é uma exportação.
O que é Logística Internacional?
Agora que já falamos de maneira mais aprofundada sobre o que é Comércio Exterior, vamos entender mais sobre o que é a logística internacional. A Logística Internacional é uma ferramenta fundamental para a expansão do comércio exterior, e deve ser utilizada de forma estratégica para diferencial competitivo nas negociações internacionais.
A globalização tem tornado as empresas cada vez mais competitivas e com conceitos modernos aos seus procedimentos, negócios e produtos. Esse processo está integralmente ligado aos processos de compra, armazenagem e distribuição das mercadorias.
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O Sistema Integrado de Comércio Exterior - Siscomex é um instrumento administrativo que integra as atividades de registro, acompanhamento e controle das operações de comércio exterior.
O Novo Processo de Exportação é uma das mudanças mais importantes implementadas pelo Portal Único Siscomex e principal iniciativa governamental de desburocratização e facilitação do comércio exterior brasileiro.
Comércio exterior é a troca de produtos ou serviços entre um país e outro. Quando falando de Compra de produtos, é a Importação e quando falamos em vendas de produtos, é a exportação, cada um deles, engloba uma série de procedimentos.