Entenda mais sobre os dados da Balança Comercial de 2020

Atualizado em: por Sinara Bueno.

O último ano da segunda década do século XXI foi marcado pela pandemia da Covid-19 e todas as suas consequências. Apesar disso, 2020 terminou com mais um superávit na balança comercial brasileira. Vamos ver como foi a balança comercial de 2020? 😉

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Balança Comercial 2020: Resultados

No acumulado de 2020, em comparação ao ano anterior, as exportações caíram 6,1% e somaram US$ 209,92 bilhões. As importações caíram 9,7% e totalizaram US$ 158,93 bilhões. Como consequência destes resultados, a balança comercial apresentou superávit de US$ 50,99 bilhões, com crescimento de 7,0% em relação a 2019.

Já a corrente de comércio (soma das importações e exportações) registrou queda de -7,7% em comparação ao ano anterior, atingindo US$ 368,85 bilhões.

Portanto, a BALANÇA COMERCIAL BRASILEIRA de 2020 fechou assim:

  • Total das exportações em 2020:  US$ 209,92 bilhões
  • Total das importações em 2020: US$ 158,93 bilhões
  • Resultado: Superávit de US$ 50,99 bilhões

No gráfico abaixo, podemos observar como foi a evolução da corrente de comércio do Brasil na década terminada em 2020. 

Para ilustrar:

Balança Comercial de 2020

Fonte: Comex Stat. Valores em milhões de US$. 👉🏼 Aproveite e confira nosso artigo sobre DU-E.

Fatos econômicos que afetaram a Balança Comercial de 2020

  • O ano de 2020 foi caracterizado por um forte cenário de incertezas sobre o grau de profundidade e extensão da pandemia da Covid-19 em nível global.
  • A previsão de crescimento do PIB mundial em 2020 de 3,3%, prevista em janeiro pelo FMI, foi atualizada para uma queda de -4,9% em junho e, mais recentemente, para -4,4% em outubro, pelo mesmo órgão.
  • Para o volume do comércio internacional, a OMC previa um crescimento de 2,7% no final de 2019, passando para uma queda entre -13% e 32% em abril/20 e, mais recentemente, para uma retração mundial esperada de -9,2% (dezembro/20).
  • A crise mundial foi caracterizada por choques simultâneos de oferta e demanda em diferentes momentos em distintos países, como vimos no post Falta de contêineres: quando acabará a Peak Season?
  • Lockdowns e outras restrições à movimentação de pessoas afetaram drasticamente o trânsito de mercadorias entre países e as cadeias de suprimentos, com especial queda no setor de serviços e de bens manufaturados. Sinais de recuperação somente foram sentidos a partir do terceiro trimestre.
  • Noventa e quatro países implementaram medidas comerciais relacionadas ao combate à pandemia, boa parte delas voltadas para a restrição das exportações.
  • O padrão de comércio mundial, sobretudo no Brasil, foi muito guiado pelo ritmo de recuperação das maiores economias do mundo.

A queda das exportações em 2020 em comparação a 2019

Nas exportações, os principais os resultados por setores foram os seguintes: 

  • crescimento de 6,0% em Agropecuária, que somou US$ 45,27 bilhões; 
  • queda de -2,7% em Indústria Extrativa, que chegou a US$ 48,85 bilhões; e
  • queda de -11,3% em Indústria de Transformação, que alcançou US$ 114,90 bilhões. 

A associação destes resultados levou a queda do total das exportações. Esta conjuntura de queda nas exportações foi influenciada pela queda das vendas nos seguintes produtos:

  • Animais vivos, não incluído pescados ou crustáceos (-32,9%), Pescado inteiro vivo, morto ou refrigerado (-26,9%) e Milho não moído, exceto milho doce (-17,7%) na Agropecuária;
  • Minérios de alumínio e seus concentrados (-33,8%), Outros minérios e concentrados dos metais de base (-23,5%) e Óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos, crus (-18,9%) na Indústria Extrativa;
  • Celulose (-19,1%), 
  • Aeronaves e outros equipamentos, incluindo suas partes (-35,9%); e 
  • Plataformas, embarcações e outras estruturas flutuantes (-98,1%) na Indústria de Transformação.

Por sua vez, ainda que o resultado das exportações tenha sido de queda, os seguintes produtos tiveram aumento

  • Café não torrado (9,6%), Soja (10,5%) e Algodão em bruto (23,1%) na Agropecuária;
  • Minério de ferro e seus concentrados (14,3%), Minérios de cobre e seus concentrados (4,4%) e Minérios de níquel e seus concentrados (713.261,5%) na Indústria Extrativa;
  • Carne bovina fresca, refrigerada ou congelada (14,7%), Açúcares e melaços (71,3%) e Ouro, não monetário (excluindo minérios de ouro e seus concentrados) (35,2%) na Indústria de Transformação.

A forte resiliência das exportações brasileiras em 2020 foi muito influenciada pelo ritmo de recuperação da região Asiática (principalmente da China), sendo o maior impacto negativo verificado no primeiro mês do ano. Esse padrão é muito diferente do observado no resto do mundo, onde o volume exportado foi mais duramente atingido e a recuperação somente ocorre a partir de maio.

A retração das importações em 2020 em comparação a 2019

Nas importações, os principais os resultados por setores foram os seguintes:

  • queda de -3,9% em Agropecuária, que somou US$ 4,12 bilhões; 
  • retração de -41,2% em Indústria Extrativa, que chegou a US$ 6,48 bilhões; e 
  • queda de -7,7% em Indústria de Transformação, que alcançou US$ 147,75 bilhões. 

A combinação destes resultados levou a queda do total das importações. Esta conjuntura de queda nas importações foi influenciada pela queda das compras dos seguintes produtos:

  • Pescado inteiro vivo, morto ou refrigerado (-30,2%), Trigo e centeio, não moídos (-9,2%) e Látex, borracha natural, balata, guta-percha, guaiúle, chicle e gomas naturais (-25,2%) na Agropecuária; 
  • Carvão, mesmo em pó, mas não aglomerado (-43,6%), Óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos, crus (-43,4%) e Gás natural, liquefeito ou não (-38%) na Indústria Extrativa;
  • Óleos combustíveis de petróleo ou de minerais betuminosos (exceto óleos brutos) (-42,6%), Veículos automóveis de passageiros (-46,5%); e 
  • Partes e acessórios dos veículos automotivos (-36,5%) na Indústria de Transformação.

Ainda que o resultado das importações tenha sido de queda, os seguintes produtos tiveram aumento

  • Arroz com casca, paddy ou em bruto (273,8%), Produtos hortícolas, frescos ou refrigerados (3,3%) e Soja (508,1%) na Agropecuária; 
  • Pirites de ferro não torrados (4,1%), Diamantes industriais, trabalhados ou não (6,5%) e Minérios de alumínio e seus concentrados (29,6%) na Indústria Extrativa; 
  • Tubos e perfis ocos, e acessórios para tubos, de ferro ou aço (68,8%), Instalações e equipamentos de engenharia civil e construtores, e suas partes (51,2%) e Plataformas, embarcações e outras estruturas flutuantes (124,6%) na Indústria de Transformação.

Analisando os dados das importações de 2020, podemos verificar que a queda da atividade econômica ocorreu mais tardiamente no Brasil em comparação com os outros países. Por outro lado, a velocidade de recuperação foi mais rápida em nosso país.

 

Principais Parceiros Comerciais em 2020

Relacionamos abaixo os principais parceiros comerciais internacionais do Brasil em 2020.

  1. China
  2. União Europeia
  3. Estados Unidos
  4. Argentina

1. China

No comparativo de 2020 com 2019, as vendas para China cresceram 7,3% e atingiram US$ 70,08 bilhões. As importações caíram -2,7% e totalizaram US$ 34,64 bilhões. Consequentemente, neste período, a balança comercial apresentou superávit de US$ 35,44 bilhões e a corrente de comércio expandiu-se em 3,8% somando US$ 104,72 bilhões com o mais importante parceiro comercial do Brasil na atualidade.

2. União Europeia

As exportações para a União Europeia caíram -13,3% em 2020 com relação ao ano anterior e atingiram US$ 28,33 bilhões. As importações caíram -12,9% e totalizaram US$ 26,82 bilhões. Consequentemente, neste período, a balança comercial com este bloco comercial apresentou superávit de US$ 1,52 bilhões e a corrente de comércio diminuiu -13,1% somando US$ 55,15 bilhões.

3. Estados Unidos

Também vendemos menos para os norte-americanos em 2020. Em relação ao mesmo período do ano anterior, as exportações para os Estados Unidos caíram -27,2% em 2020 e atingiram US$ 21,46 bilhões. As importações caíram -19,2% e totalizaram US$ 24,12 bilhões. Dessa forma, neste período, a balança comercial para este país apresentou déficit de US$ -2,66 bilhões e a corrente de comércio diminuiu -23,2% chegando a US$ 45,58 bilhões. 

4. Argentina

Além da pandemia, nossos hermanos viveram uma grave crise econômica em 2020. Dessa forma, as vendas para a Argentina caíram -12,7% e atingiram US$ 8,48 bilhões em 2020. As importações caíram -25,6% e chegaram US$ 7,79 bilhões. Com isto, neste período, a balança comercial para este país apresentou saldo positivo de US$ 0,69 bilhões e a corrente de comércio reduziu-se em -19,4% totalizando US$ 16,26 bilhões.

Na apresentação dos dados da balança comercial de 2020, quando questionado sobre a queda nas exportações brasileiras para parceiros como Estados Unidos, Argentina e países europeus, o secretário de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Lucas Ferraz, frisou que o padrão de comércio no ano se deu muito em função da dinâmica de recuperação desses países durante a pandemia de Covid-19.

Ferraz destacou que como a região asiática, sobretudo a China, se recuperou mais cedo da pandemia é natural que tenha havido crescimento nas vendas para a região. Em 2020, a participação asiática nas exportações brasileiras atingiu 47,3%, contra 41,4% no ano anterior. Outros parceiros, frisou, começaram a se recuperar mais recentemente e isso já se refletiu nas vendas realizadas no terceiro e no quarto trimestre. A dinâmica observada em 2020 foi atípica, defendeu. “Com o passar da pandemia, é natural que o Brasil volte a recuperar mercado nesses países que são importantes destinos de manufaturados.”

Já o subsecretário de Inteligência e Estatísticas de Comércio Exterior, Herlon Brandão, afirmou que o déficit comercial em dezembro foi influenciado por operações de nacionalização de plataformas de petróleo no mês. Foram nacionalizadas cinco plataformas, no valor de US$ 4,7 bilhões, na esteira da extinção do antigo Repetro, em 31/12/2020. De acordo com ele, desconsideradas essas operações, haveria crescimento de somente 4% nas importações. “Haveria um superávit comercial como é sazonalmente esperado.”

Previsões da conjuntura econômica para 2021

  • A previsão da OCDE é de um crescimento da economia mundial da ordem de 4,2%, mas com nível de incerteza ainda elevado.
  • Recuperação do volume do comércio mundial (projeção de crescimento de 7,2%, segundo OMC em outubro de 2020), contra uma média de aproximadamente 3% no período pré-pandemia.
  • Para a taxa de câmbio, o cenário é de relativa estabilidade: taxa média de R$ 5,16 (US$ 1,00) em 2020 e uma projeção de R$ 5,1 para 2021.
  • Recuperação da demanda interna com um crescimento estimado do PIB de 3,2% a 3,8% em 2021, conforme previsão do Banco Central do Brasil em dezembro/2020.
  • Expectativa de crescimento da produção industrial de 5% em 2021.
  • Expectativa de safra recorde de 265,9 milhões de toneladas de grãos em 2021.

Para 2021, a expectativa é que o saldo positivo da balança comercial supere o de 2020, de acordo com o secretário de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Lucas Ferraz. “A expectativa é um saldo comercial estimado ao fim de 2021 da ordem de US$ 53 bilhões, 3,9% maior que o saldo observado em 2020.” A estimativa é que o ano encerre com alta de 5,3% nas exportações, 5,8% nas importações e de 5,5% na corrente de comércio.

Projeção da balança comercial para 2021

Mesmo com divergências sobre o ritmo de retomada da atividade doméstica e sobre a evolução da pandemia e seus impactos no comércio internacional, projeções de analistas ouvidos pelo jornal Valor Econômico convergem para uma balança comercial em 2021 com dinâmica diversa da de 2020, ano marcado por superávits gerados por queda de importações e de exportações. Para o ano que vem, analistas esperam saldo positivo resultante de crescimento nas duas pontas, com superávit estimado entre US$ 40 bilhões e US$ 69 bilhões.

José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), projeta para 2021 superávit de US$ 69 bilhões, o que significa ampliação ante o saldo positivo de US$ 50,99 bilhões em 2020.

Silvio Campos Neto, economista da Tendências, diz que a expectativa é de um superávit de US$ 52,1 bilhões em 2021, com crescimento de exportações e de importações, essas últimas em maior intensidade.

Helcio Takeda, diretor de pesquisa econômica da Pezco Consultoria, também estima crescimento para embarques e desembarques, mas em níveis bem menores, que devem levar a um superávit de US$ 55,5 bilhões ao fim de 2021. Considerando a média por dia útil, diz Takeda, os embarques brasileiros devem avançar 3,9% em 2021 na comparação com este ano.

Bruno Lavieri, economista da 4E Consultoria, é menos otimista em relação às exportações, que pelas projeções da consultoria devem ter aumento pequeno em 2021, praticamente com estabilidade em relação a este ano. Para ele, deve haver uma alta dos embarques brasileiros em razão de volume e não de preços, cujo movimento ele ainda considera errático, embalado pelas incertezas.

Balança Comercial de julho de 2021: Em julho/2021, comparado a igual mês do ano anterior, as exportações cresceram 37,5% e somaram US$ 25,53 bilhões. As importações cresceram 60,5% e totalizaram US$ 18,13 bilhões. Assim, a balança comercial registrou superávit de US$ 7,40 bilhões, com crescimento de 1,7%, e a corrente de comércio aumentou 46,2%, alcançando US$ 43,66 bilhões.

Exportações e Importações do Brasil em 2021

Já em 2021, até o mês de Novembro, o Brasil totaliza um valor corrente de negociações de US$ Milhões 454.996,8. Sendo US$ Milhões 256.028,3 de exportações, e US$ Milhões 198.968,5. Gerando um superávit de US$ Milhões 57.059,8.

Já o produto mais exportado no ano de 2021 foi o Minério de Ferro e seus concentrados. Quanto ao produto mais importado foi “Adubos ou Fertilizantes Químicos” conforme dados do ComexStat.

E aí, gostou deste artigo sobre a balança comercial, como funciona a balança comercial no comércio exterior e os dados da balança comercial no Brasil? Então se inscreva no nosso blog e fique por dentro de mais notícias sobre exportação, importação e drawback. 😉

Sinara Bueno
Sinara Bueno

Despachante Aduaneira, formada em Comércio Exterior e empreendedora. Apaixonada por criar e inovar no Comex! Trabalhou na área de importação e exportação de indústrias, consultorias de comércio exterior e, nos últimos anos, tem se dedicado aos sistemas para comex. É co-founder da Fazcomex

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