por Leandro Sprenger
Exportações para os Estados Unidos | Os produtos mais exportados e os impactos da taxa de 50%
A aplicação de uma cobrança tarifária de 50% sobre mercadorias brasileiras a partir de 1º de agosto, comunicada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode gerar uma retração significativa nos embarques do Brasil.
O mercado estadunidense é o segundo maior destino das vendas externas do país, atrás apenas da China, com o petróleo sendo o principal gerador de receita entre os itens comercializados com os americanos.
Além disso, os EUA representam um dos principais destinos de bens industriais brasileiros com alto valor agregado, como aviões, componentes automotivos e equipamentos mecânicos.
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Confira os seguintes tópicos:
- Exportações de produtos para os Estados Unidos
- Balança comercial Estados Unidos e Brasil
- Conheça as importações de Estados Unidos
- Novo Processo de Exportação: O que é?
- O que é o Siscomex?
- Comércio Exterior o que é?
- O que é Logística Internacional?
Bora lá? 😉
Exportações de produtos para os Estados Unidos
Especialistas apontam que a decisão de Trump pode resultar em uma diminuição de bilhões de dólares nas vendas externas brasileiras, mesmo sem considerar possíveis ajustes setoriais.
Conforme relatório do banco BTG Pactual, a nova taxa não será adicionada aos 25% já incidentes sobre veículos e autopeças, tampouco aos 50% que incidem sobre aço e alumínio.
Itens que estão sendo analisados sob a Seção 232 — como chips, minérios estratégicos e fármacos — permanecerão dispensados da cobrança. A mesma exceção se aplica ao petróleo bruto e seus derivados.
Confira abaixo os principais produtos enviados pelo Brasil aos EUA em 2024:
- Café
- Proteína bovina
- Suco de laranja
- Petróleo
- Aeronaves
- Produtos semielaborados de ferro ou aço
- Insumos de construção civil e engenharia
- Madeira processada
- Equipamentos industriais e motores
- Produtos eletrônicos
Café
O Brasil, maior fornecedor global de café, tem os Estados Unidos como um dos compradores mais tradicionais do grão. Em 2024, os envios renderam quase US$ 2 bilhões, o que equivale a 16,7% do volume total exportado.
Segundo a consultoria Cogo Inteligência em Agronegócio, a tarifa de 50% provocaria uma redução nas margens de lucro do setor e um encarecimento do produto para os consumidores americanos.
O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) também acredita que o público consumidor nos EUA será diretamente prejudicado pelo aumento do custo.
Carne
Os Estados Unidos são o segundo maior importador da carne bovina brasileira. Em 2024, conforme dados da Abrafrigo, o país norte-americano foi responsável por 16,7% do volume enviado, somando 532.653 toneladas e gerando US$ 1,637 bilhão em faturamento.
A Minerva estimou que o impacto da medida pode alcançar até 5% da sua receita líquida, considerando os lotes que passarão a ser tarifados.
Outras companhias do ramo, como JBS e Marfrig, mantêm grande parte de suas operações em território norte-americano, o que pode suavizar parte das consequências.
Contudo, não é apenas o Brasil que sai prejudicado com a imposição tarifária. O custo da carne nos EUA já está elevado devido à escassez de gado para o abate.
Suco de laranja
Na colheita de 2024/25, finalizada em 30 de junho, os EUA representaram 41,7% dos embarques brasileiros de suco de laranja, totalizando US$ 1,31 bilhão, conforme dados da CitrusBR.
A nova taxa de 50% significa um acréscimo de 533% sobre os US$ 415 por tonelada já vigentes. A Cogo prevê uma perda severa na capacidade de competição do Brasil e alerta para um “risco à sustentabilidade da cadeia de citros”, uma vez que os EUA são o segundo maior consumidor deste produto brasileiro.
Petróleo
As vendas externas de petróleo do Brasil aos EUA alcançaram US$ 5,8 bilhões em 2024, o que representa 13% do total enviado do produto, segundo a consultoria StoneX.
Mesmo que o petróleo venha a ser incluído na taxa de 50%, o efeito seria considerado “limitado”, segundo o BTG, devido à habilidade logística e comercial do setor de redirecionar os embarques.
No primeiro trimestre, os EUA foram destino de 4% do petróleo exportado pela Petrobras, frente a 9% no mesmo período do ano anterior. No caso dos derivados, os Estados Unidos foram o segundo maior destino, com 37% de participação.
Aeronaves
A comercialização de aeronaves brasileiras para os EUA gerou US$ 2,4 bilhões, o que corresponde a cerca de 63% do volume total exportado nesse segmento, conforme informações do BTG. A Embraer é a principal empresa nacional envolvida nesse comércio.
Semimanufaturados de ferro ou aço
Os produtos de ferro ou aço parcialmente beneficiados enviados aos EUA somaram US$ 2,8 bilhões, com os americanos respondendo por mais de 70% da comercialização total, de acordo com o BTG.
Insumos de construção e engenharia
O Brasil exportou US$ 2,2 bilhões em itens para construção e projetos de engenharia aos EUA, o que corresponde a cerca de 58% do total comercializado nesse ramo.
Madeira
A exportação de produtos madeireiros do Brasil para os EUA atingiu US$ 1,6 bilhão em 2024, com os americanos adquirindo mais de 40% da produção.
Segundo a Cogo Inteligência em Agronegócio, esses bens de origem florestal perderiam competitividade em relação a fornecedores como Canadá, Chile e países da União Europeia.
Máquinas e motores
A indústria brasileira de máquinas, motores e geradores enviou aos EUA mercadorias no valor de US$ 1,3 bilhão em 2024. Esse grupo de produtos industriais representou mais de 60% das exportações brasileiras no segmento, segundo o BTG.
De acordo com o UBS BB, a medida terá reflexos negativos sobre a fabricante nacional WEG.
Eletrônicos
No ramo de eletroeletrônicos, o Brasil exportou US$ 1,1 bilhão para os EUA apenas nos seis primeiros meses de 2024.
O mercado norte-americano foi o principal destino das vendas externas brasileiras do setor, segundo levantamento da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee).
Balança comercial desequilibrada?
Como justificativa adicional, Trump argumentou que a troca comercial entre os dois países é “desequilibrada”. “Infelizmente, nossa parceria tem sido tudo menos justa”, escreveu.
Entretanto, dados do Ministério do Desenvolvimento apontam o oposto: o Brasil vem acumulando déficits comerciais com os EUA desde 2009 — ou seja, há 16 anos. Isso indica que o país tem comprado mais dos americanos do que vendido.
Durante esse intervalo, as aquisições brasileiras superaram as vendas em US$ 90,28 bilhões (cerca de R$ 493 bilhões na cotação atual), considerando os registros até junho de 2025.
Especialistas avaliam que a iniciativa de Trump possui um forte viés geopolítico, visando reforçar sua capacidade de negociação e ampliar sua projeção no cenário externo.
Ainda na carta, o ex-presidente norte-americano afirmou que as empresas brasileiras poderiam escapar da nova tarifa caso optem por "instalar fábricas ou linhas de montagem dentro do território americano". Em caso de retaliações, ele prometeu agir de forma recíproca.
Fonte: ComexStat
Conheça as importações de Estados Unidos
Segundo levantamentos realizados pelo Comex Stat, em 2025, os principais produtos brasileiros importados de Estados Unidos são:
Posição | Produto | Valor FOB US$ |
1º | PRODUTOS ALIMENTICIOS E ANIMAIS VIVOS | 278113382 |
2º | BEBIDAS E TABACO | 33370049 |
3º | MATERIAS EM BRUTO, NAO COMESTIVEIS, EXCETO COMBUSTIVEIS | 542387043 |
4º | COMBUSTIVEIS MINERAIS, LUBRIFICANTES E MATERIAIS RELACIONADOS | 18276587499 |
5º | OLEOS ANIMAIS E VEGETAIS, GORDURAS E CERAS | 7529654 |
Fonte: ComexStat — Dados do Ano de 2025.
Novo Processo de Exportação: O que é?
Atualmente, existem diferentes frentes de trabalho dentro do Programa Portal Único, envolvendo todo o governo brasileiro e contando com apoio e participação do setor privado.
Dentre essas iniciativas, merece destaque o desenvolvimento do Novo Processo de Exportação, concluído em 2016. Esse trabalho engloba o mapeamento dos processos atuais de exportação e a identificação de necessidades dos intervenientes públicos e privados para a criação de um fluxo contínuo de informações por meio do Portal Único.
Ou seja, podemos concluir que o Novo Processo de Exportação (NPE) promove um fluxo de informações mais eficiente e integração entre os intervenientes do comércio exterior públicos e privados.
Sua implementação se deu junto ao Portal Único do Comércio Exterior, Siscomex, pela Receita Federal Brasileira em conjunto ao SECEX e desde então vem otimizando os processos de comércio exterior, seja diminuindo o tempo necessário entre as etapas, como também reduzindo custos inerentes às operações, o que aumenta a competitividade brasileira frente ao mercado externo.
O que é o Siscomex?
O SISCOMEX é a sigla de Sistema Integrado de Comércio Exterior - é um instrumento informatizado, por meio do qual é exercido o controle governamental do comércio exterior brasileiro.
O Sistema entrou em operação em 1993 com o módulo de Exportação e, em 1997, para as importações. Em 2014 foi lançado o Portal Único de Comércio Exterior.
Sem dúvida o Brasil inovou ao criar um fluxo único de informações na década de 90. Entretanto uma nova revisão se faz necessária atualmente. Dessa forma, desde 2014 iniciou-se o projeto do Portal Único de Comércio Exterior.
Comércio Exterior o que é?
Comércio exterior é a troca de produtos ou serviços entre um país e outro. Quando falando de Compra de produtos, é a Importação e quando falamos em vendas de produtos, é a exportação, cada um deles engloba uma série de procedimentos necessários para a sua execução.
O Comércio Exterior, aplicado carinhosamente como Comex, compreende vários termos, regras e normas nacionais das transações.
Estas regras do comércio exterior são de âmbito nacional, criadas para disciplinar e orientar tudo o que diz respeito à entrada no país de mercadorias procedentes do exterior, no caso quando existe uma importação e a saída de mercadorias do território nacional, quando é uma exportação.
O que é Logística Internacional?
A Logística Internacional é uma ferramenta fundamental para a expansão do comércio exterior, e deve ser utilizada de forma estratégica para diferencial competitivo nas negociações internacionais.
A globalização tem tornado as empresas cada vez mais competitivas e com conceitos modernos aos seus procedimentos, negócios e produtos. Esse processo está integralmente ligado aos processos de compra, armazenagem e distribuição das mercadorias.
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O Sistema Integrado de Comércio Exterior - Siscomex é um instrumento administrativo que integra as atividades de registro, acompanhamento e controle das operações de comércio exterior.
O Novo Processo de Exportação é uma das mudanças mais importantes implementadas pelo Portal Único Siscomex e principal iniciativa governamental de desburocratização e facilitação do comércio exterior brasileiro.
Comércio exterior é a troca de produtos ou serviços entre um país e outro. Quando falando de Compra de produtos, é a Importação e quando falamos em vendas de produtos, é a exportação, cada um deles, engloba uma série de procedimentos.
A Logística Internacional é uma ferramenta fundamental para a expansão do comércio exterior, e deve ser utilizada de forma estratégica para diferencial competitivo nas negociações internacionais.