Entenda o que é o Estreito de Ormuz

Atualizado em: por Sinara Bueno.

Hoje vamos falar de um local no Oriente Médio por onde passa mais de um terço da produção mundial de petróleo: o Estreito de Ormuz.

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Vamos conhecer mais desse importante caminho marítimo? 😉 

O que é o Estreito de Ormuz?

No Oriente Médio, o Estreito de Ormuz está situado na entrada do Golfo Pérsico, entre Omã, localizado na Península Arábica e o Irã. É uma das principais rotas de comércio e, portanto, trata-se de uma via marítima estratégica por onde transita mais de 33% do petróleo mundial e 20% do transporte marítimo mundial. Por isso, qualquer coisa que aconteça por ali reflete no preço da gasolina e na economia do mundo todo. De pequena extensão, tem 54 km de largura mínima e seu trecho mais largo não passa de 100 km.

Para alguns, Estreito de Ormuz é assim chamado pois, deriva do nome do Deus Persa Ormoz e para outros historiadores e linguistas o nome é oriundo de uma palavra persa local chamada Hur-mogh, que significa Tamareira.

Para ilustrar o Estreito de Ormuz:

Estreito de Ormuz

O Estreito de Ormuz é a única ligação entre o Golfo Pérsico e os oceanos. Todo o tráfego marítimo de e para os principais países exportadores de petróleo do mundo tem que passar pela via. O Estreito de Ormuz é também importante para o transporte de gás natural liquefeito (GNL) do Catar, o maior fornecedor mundial do produto.

O ponto mais estreito da passagem se situa entre o Irã, ao norte, e Omã, ao sul. Considerando-se as águas territoriais dos dois países, a área navegável se reduz a apenas 10 quilômetros. Nessa faixa de água é que os superpetroleiros passam, diariamente, transportando mais de 15 milhões de barris de petróleo.

O petróleo vem de países como Arábia Saudita, Iraque, Irã, Kuwait, Catar, Bahrein e Emirados Árabes Unidos. Os navios viajam com destino aos Estados Unidos, Europa Ocidental e sobretudo, China, Índia e Japão.

A origem do Estreito de Ormuz

Tudo começou em 1959, quando o Irã resolveu expandir o mar territorial para 12 milhas náuticas (22 km), anunciando que reconheceria apenas o trânsito de passagem inocente (passagem considerada contínua e rápida, constituída pelo direito costumeiro internacional).

Por outro lado, eram proibidas manobras militares, atos de propaganda, pesquisa e busca de informações, atividades de pesca e levantamentos hidrográficos. Omã fez o mesmo em 1972, logo o Estreito de Ormuz foi fechado.

Com isso, os navios precisavam passar pelas águas territoriais dos dois países sob as disposições da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (UNCLOS). Em 1989, a UNCLOS foi instituída pela Omã, declarando que apenas passagem inocente era permitida por seu mar territorial.

Os navios de guerra estrangeiros precisavam de autorização prévia. O Irã assinou a convenção de 1982, exigindo que somente os Estados – que faziam parte da Convenção do Direito do Mar – podiam se beneficiar dos direitos do contrato estabelecidos, como também realizar a passagem de trânsito nos trechos internacionais de navegação. 

Contudo, em 1993 o Irã promulgou uma nova lei de áreas marítimas, a qual continha diversos pontos de conflito com as regras da UNCLOS. A exigência incluía a permissão prévia de navios de guerra, submarinos e navios nucleares para obter passagem inocente pelas águas territoriais iranianas.

Porém, os Estados Unidos contestaram todas das reivindicações do Irã e Omã. Desse modo, uma estação de radar foi instalada para monitorar o tráfego TSS (Esquema de Separação de Tráfego) no Estreito de Ormuz – localizada no pico da ilha enclave de Musandam.

Conheça também nosso texto sobre os Principais Portos Africanos.

Disputas fronteiriças

Devido à imensa importância da passagem para as exportações de petróleo, frequentemente essa área é motivo de disputas fronteiriças entre os países da região. O Irã e os Emirados Árabes Unidos reivindicam as ilhas de Abu Musa e Tunb Maior e Tunb Menor, para estenderem seu controle sobre o Estreito de Ormuz.

A comunidade internacional também monitora o estreito atentamente. Há anos, os Estados Unidos possuem uma "presença robusta" na região no intuito de fazer valer as liberdades marítimas, até mesmo por meios militares, se necessário 

Ameaça de bloqueio do Estreito de Ormuz

Sempre que o nível de tensão aumenta no Oriente Médio, volta à tona o temor de um bloqueio do Estreito de Ormuz pelo Irã. Teerã já ameaçou repetidamente impor tal medida através de unidades navais e mísseis de médio alcance, para retaliar as sanções decretadas pela comunidade internacional ao país, devido a seu programa nuclear. Do ponto de vista militar, tal bloqueio poderia ser facilmente imposto, sobretudo por o Estreito de Ormuz correr ao longo de muitos quilômetros da costa iraniana.

Entretanto, especialistas avaliam um tal bloqueio como improvável, pois o Irã só iria prejudicar a si mesmo. O país se arriscaria a entrar em conflito tanto com os países vizinhos, que vivem das exportações de petróleo, como com aqueles cujas indústrias são dependentes da importação do produto.

Ainda que o bloqueio total do Estreito de Ormuz pelo Irã seja improvável, o país capturou um petroleiro de bandeira britânica em 2019 e, em janeiro de 2021 tomou o navio-tanque Hankuk Chemi, de bandeira sul-coreana.

Rotas alternativas ao Estreito de Ormuz

Embora não na medida necessária, os países da região possuem algumas rotas alternativas para o escoamento de sua produção de petróleo caso ocorra algum bloqueio no Estreito de Ormuz. Os Emirados Árabes Unidos têm um gasoduto que liga Abu Dhabi diretamente ao Golfo de Omã, evitando, assim, o Estreito de Ormuz pela parte sul. A Arábia Saudita possui um oleoduto que pode levar o petróleo do Golfo Pérsico ao Mar Vermelho. Com eles, ambos os países querem reduzir sua dependência geopolítica.

Todavia, as capacidades existentes não bastariam para compensar a escassez resultante de um eventual bloqueio. De acordo com especialistas, elas não cobririam nem o consumo diário de petróleo da China e do Japão.

Principais incidentes no Estreito de Ormuz

Como já vimos no decorrer desse artigo, o Estreito de Ormuz é uma região muito instável, provavelmente por ser um dos pontos mais estratégicos do mundo. Em toda a história, o trecho foi alvo de conflitos e ameaças de fechamento. Seguem abaixo os principais incidentes marítimos causados até hoje no local.

  1. Guerra Irã-Iraque: em 1984, o Iraque atacou a base petroleira e os navios do Irã na ilha de Kharg. Saddam Hussein queria provocar os iranianos para que fechasse o estreito, causando intervenção americana. Porém, o Irã apenas direcionou sua defesa aos navios do Iraque e manteve o trecho aberto;
  2. Operação Louva-a-Deus: a Marinha dos EUA atingiu uma mina iraniana em abril de 1988, enquanto estavam em uma missão. Os americanos acabaram abalando suas relações com o Irã, quando afundaram uma fragata, uma canhoneira, seis lanchas armadas e danificaram uma segunda fragata dos iranianos;
  3. Mortes de civis: Um navio da Marinha dos EUA liberou um míssil que atingiu a aeronave Airbus A300 do Irã, que passava pelo estreito com 290 civis a bordo. Contudo, a Marinha americana informou que confundiu o avião com um caça;
  4. Ameaça do Irã: Foi noticiado por uma agência de notícias que Ali Shirazi, assessor do aiatolá Ali Khamenei, disse que o regime sionista estaria pressionando os funcionários da Casa Branca a atacar o Irã. Logo, a resposta foi que se fizessem tal ato, Tel Aviv e os navios dos EUA no Golfo Pérsico seriam queimados pelos iranianos.
  5. Bomba: O petroleiro japonês M Star foi atacado com bomba no estreito em julho de 2010. Por fim, o grupo militante ligado à Al Qaeda assumiu a responsabilidade pelo ataque;
  6. Reafirmação de território: Os EUA alertaram o Irã em janeiro de 2012 que o fechamento do estreito provocaria uma resposta imediata por meios militares. Todavia, o Irã reafirmou o poder sobre o trecho lembrando que qualquer interrupção causaria um choque que nenhum país conseguiria sobreviver;
  7. Exportação do petróleo: Ainda em 2012, a União Europeia tentou impor sanções ao petróleo iraniano. Mohammad Kossari, Chefe Adjunto do Comitê de Relações Exteriores e Segurança Nacional do Parlamento do Irã, afirmou que fecharia a entrada do Golfo Pérsico se bloqueassem suas exportações de petróleo;
  8. Fuga do navio: Um navio-tanque com bandeira de Cingapura danificou uma plataforma de petróleo iraniana em maio de 2015. Os navios iranianos dispararam contra eles até a embarcação fugir.
  9. Relações abaladas: Após a retirada dos EUA do acordo de ação global em julho de 2018, o Irã ameaçou fechar o Estreito novamente. O Exército dos Guardiões da Revolução Islâmica disse que estava pronto para essa reação. Em agosto, o Irã fez um teste com um míssil que voou mais de 100 milhas do Estreito de Ormuz até o deserto iraniano.
  10. Explosões: petroleiros foram atingidos por explosões em junho de 2019, alguns deles viram um objeto voador ao serem atingidos. Das duas tripulações prejudicadas, uma foi resgatada por navios iranianos e a outra pelos EUA. O Irã negou o ataque.
  11. Drone alvejado: Em junho de 2019, o Irã derrubou um drone afirmando que o objeto estava em missão de espionagem em seu território. No entanto, os EUA alegaram que a aeronave foi alvejada no espaço aéreo internacional, portanto o ataque teria sido injusto.

Curiosidades sobre outras importantes Rotas Comerciais Marítimas

  1. Canal do Panamá: O Canal do Panamá é um canal artificial de 82 km de comprimento, que corta o Panamá, ligando os oceanos Pacífico e Atlântico. Trata-se de um marco da engenharia do século XX, criado para facilitar o comércio marítimo mundial. O canal permite que os navios evitem a longa rota do Cabo Horn em torno da ponta mais meridional da América do Sul, onde ventos fortes, correntes e icebergs fazem dessas águas uma das mais difíceis do mundo.
  2. Estreito de Malaca: Com cerca de 900 quilômetros de comprimento, o Estreito de Malaca é o principal gargalo da Ásia e uma das rotas marítimas mais congestionadas. O canal liga o continente ao Oriente Médio e à Europa, e por ele passam cerca de 40% do comércio mundial. Mais de 100 mil navios o atravessam por ano.
  3. Canal de Suez: O Canal de Suez é um canal artificial, que atualmente possui 193,3 km de comprimento, e corta o Egito ligando os mares Mediterrâneo e Vermelho. Dessa forma, o Canal de Suez permite a comunicação marítima entre a Europa e a Ásia sem a necessidade de realizar o contorno do continente africano, o que acrescentaria um mês de viagem. Foi nele que ocorreu o incidente do Navio Encalhado no Egito.
  4. Estreito de Gibraltar: O Estreito de Gibraltar é um canal marítimo que separa dois continentes: África e Europa. Está localizado entre o sul da Espanha. Ele une o Mar Mediterrâneo (leste) ao Oceano Atlântico (oeste) e possui aproximadamente 15 quilômetros de distância e cerca de 300 a 1.000 metros de profundidade. É resultado da separação das placas tectônicas: Euroasiática e a Africana e foi durante séculos rota de passagem para navios mercantes que realizavam transações comerciais. Atualmente, estima-se que perto de 90 mil embarcações cruzem essa passagem anualmente e que, em média, passe pelo local uma embarcação a cada seis minutos.

Confira também nosso artigo: Os maiores gargalos do transporte marítimo mundial

O que é Logística Internacional?

A Logística Internacional é uma ferramenta fundamental para a expansão do comércio exterior, e deve ser utilizada de forma estratégica para diferencial competitivo nas negociações internacionais.

A globalização tem tornado as empresas cada vez mais competitivas e com conceitos modernos aos seus procedimentos, negócios e produtos. Esse processo está integralmente ligado aos processos de compra, armazenagem e distribuição das mercadorias.

E aí, gostou deste artigo sobre o Estreito de Ormuz, onde fica o Estreito de Ormuz e a importância do Estreito de Ormuz? Então se inscreva no nosso blog e fique por dentro de mais notícias sobre exportação, importação e drawback. 😉

Sinara Bueno
Sinara Bueno

Despachante Aduaneira, formada em Comércio Exterior e empreendedora. Apaixonada por criar e inovar no Comex! Trabalhou na área de importação e exportação de indústrias, consultorias de comércio exterior e, nos últimos anos, tem se dedicado aos sistemas para comex. É co-founder da Fazcomex

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